A história da humanidade pode ser contada pela forma como produz e consome energia. Desde as fogueiras pré-históricas até os modernos parques solares, cada etapa revela como a busca por novas fontes foi moldando economias e sociedades. Atualmente, porém, a transição energética deixou de ser apenas um movimento tecnológico: tornou-se uma necessidade urgente diante da crise climática.
O começo: carvão e petróleo como motores da modernidade
A Primeira Revolução Industrial, no século XVIII, marcou a virada para o carvão como principal fonte de energia. Graças a ele, locomotivas, fábricas e siderúrgicas ganharam força, transformando economias agrárias em potências industriais.
No século XX, por sua vez, o petróleo assumiu a dianteira. Ele abasteceu a crescente frota de automóveis, impulsionou a petroquímica e consolidou-se como peça-chave da geopolítica mundial. O gás natural, além disso, foi incorporado gradualmente, sobretudo para geração elétrica e aquecimento, pois emitia menos poluentes locais.
O alerta climático e a busca por alternativas
Se, de um lado, os combustíveis fósseis promoveram desenvolvimento e conforto, por outro lado deixaram um legado preocupante: emissões crescentes de gases de efeito estufa. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), nesse contexto, advertiu que limitar o aquecimento global exige cortes drásticos no uso de carvão, petróleo e gás.
Esse alerta, consequentemente, impulsionou investimentos em fontes renováveis. A virada começou nos anos 1990, mas desde então ganhou força com custos em queda e tecnologias mais eficientes.
Renováveis em ascensão
Hoje, a energia solar fotovoltaica é a fonte que mais cresce no mundo. O preço dos painéis caiu mais de 80% em dez anos, o que significa que tanto telhados residenciais quanto grandes usinas passaram a ser viáveis.
A energia eólica, da mesma forma, se expandiu rapidamente, especialmente em países como a China, os Estados Unidos e o Brasil. Ao mesmo tempo, o avanço das baterias e dos carros elétricos promete transformar não apenas o setor energético, mas também a mobilidade urbana.
Desafios da transição
Apesar dos avanços, a transição energética enfrenta obstáculos significativos. Muitos países ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis, seja por razões econômicas, seja por interesses políticos. Além disso, a expansão das renováveis exige redes inteligentes, sistemas de armazenamento e marcos regulatórios adaptados.
Outro ponto crucial é que a transição precisa ser justa. Trabalhadores e comunidades que dependem da mineração ou da indústria do petróleo não podem ser simplesmente deixados para trás. Nesse sentido, políticas públicas de requalificação profissional e apoio social tornam-se indispensáveis.
O futuro em construção
Especialistas concordam que a transição energética não será apenas tecnológica, mas também cultural e econômica. A eficiência no uso de energia, a eletrificação de setores intensivos em carbono e a captura de CO₂ devem caminhar juntas.
Portanto, se no passado carvão e petróleo moldaram a sociedade industrial, agora são o sol, o vento e a inovação que apontam o caminho para um futuro mais limpo e sustentável.
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