Nesta quinta-feira, 24 de julho, a humanidade ultrapassou o limite de recursos naturais disponíveis para o ano. Essa marca, conhecida como Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), mostra que já usamos tudo o que a natureza pode regenerar em 12 meses.
A organização Global Footprint Network, responsável pelos cálculos da Pegada Ecológica, alerta: o mundo consome 1,8 vezes mais recursos do que a Terra é capaz de repor. Ou seja, entramos num débito ecológico, que ameaça o equilíbrio do planeta.
“Os sistemas naturais da Terra não conseguem atender às nossas demandas. Precisamos reparar nossa relação com o clima e a natureza”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“É hora de repensar como produzimos e consumimos. Escolhas sustentáveis somam forças para a mudança que precisamos.”
Embora a data da sobrecarga pareça estável nos últimos 15 anos, os impactos se acumulam. A associação ambientalista portuguesa Zero destaca que a estabilidade é enganosa. Enquanto o calendário pouco muda, o planeta sofre com a degradação contínua.
Além disso, a sociedade global acelera a destruição ambiental. As florestas perdem árvores em ritmo maior do que conseguem se regenerar. As emissões de gases de efeito estufa ultrapassam a capacidade da biosfera. A pesca supera os limites dos oceanos. E o consumo de água doce ignora os níveis sustentáveis.
Portugal esgotou seus recursos em maio
A situação portuguesa também chama atenção. O país usou todos os seus recursos de 2025 já em 5 de maio. De acordo com os cálculos, se o mundo inteiro adotasse o estilo de vida de Portugal, a humanidade precisaria de quase três planetas Terra.
Existem caminhos para reverter a tendência
Apesar do cenário crítico, ainda é possível adiar o Dia da Sobrecarga. A Zero apresenta medidas práticas e viáveis. Por exemplo:
-
Se metade do planeta adotasse um plano semelhante ao Green New Deal europeu, o mundo ganharia 42 dias de respiro até 2035;
-
Uma taxa de US$ 100 por tonelada de carbono geraria um adiamento de 63 dias;
-
A redução de 50% no consumo global de carne adicionaria 17 dias ao calendário ecológico.
Além dessas políticas, ações individuais também geram impacto. Reciclar, evitar o desperdício de alimentos e usar menos veículos ajudam a reduzir a pressão sobre os ecossistemas. Dessa forma, a sociedade contribui para um futuro mais equilibrado.
Mudança de modelo é essencial
A Zero defende uma transformação profunda na forma como medimos o progresso. Em vez de priorizar apenas o crescimento do PIB, o mundo deve focar em uma economia do bem-estar, baseada em saúde ecológica, equidade social e qualidade de vida.
Por esse motivo, a entidade se uniu à Oikos e ao movimento Último Recurso para propor uma nova legislação. A iniciativa busca garantir os direitos das gerações futuras e incorporar o princípio da justiça intergeracional nas decisões políticas.
“O uso excessivo dos recursos compromete a segurança ambiental e social, especialmente entre os mais vulneráveis”, afirma a Global Footprint Network.
O Earth Overshoot Day é divulgado anualmente em 5 de junho, durante o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data serve como um alerta global. Cada escolha conta e ainda há tempo para mudar a trajetória.