Brasil defende desenvolvimento aliado à ação climática
Durante a Cúpula do Clima da África, nesta segunda-feira (08/09), autoridades globais discutiram a transição energética justa e acessível, com foco em ações concretas rumo à COP30. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que não há contradição entre desenvolvimento e ação climática:
“O Brasil está comprometido em usar a COP30 para mostrar que é possível conciliar acesso energético e combate à mudança do clima”.
Ele destacou que soluções adaptáveis funcionam em diferentes contextos, uma mensagem relevante especialmente para a África. Corrêa do Lago também defendeu a necessidade de mudar a narrativa global sobre energia:
“Muitas pessoas ainda veem a transição como antieconomia ou anti-pessoas. Precisamos lembrar que ela gera empregos, crescimento e melhor qualidade de vida”.
Urgência por mudanças no debate climático
Richard Muyungi, representante da Tanzânia e presidente do Grupo Africano de Negociadores na UNFCCC, destacou que a COP30 deve colocar no centro as necessidades básicas do continente africano. Cerca de 1 bilhão de pessoas ainda não tem acesso a métodos limpos para cozinhar, e 600 milhões não têm eletricidade.
“Temos mulheres e crianças que passam horas procurando lenha e preparando refeições, perdendo oportunidades de educação e produtividade”, afirmou Muyungi.
A Missão 300 busca fornecer eletricidade a metade desses 600 milhões até 2030, representando um marco da justiça energética.
A COP30 como conferência de implementação
Especialistas concordam que a COP30 precisa ser a conferência da implementação, transformando discursos em resultados tangíveis. Entre os desafios estão o alto custo de capital, a falta de infraestrutura e a fragmentação de iniciativas.
Representantes da Alemanha, Itália e Azerbaijão enfatizaram a necessidade de reduzir riscos e cumprir compromissos financeiros já assumidos. Rachel Kyte, do Reino Unido, alertou:
“É hora de consolidar e ampliar o que já funciona, em vez de criar programas desconexos”.
O brasileiro Dan Ioschpe, campeão climático de alto nível para a COP30, afirmou que a transição energética deve ser sinônimo de acesso e justiça, estruturando 30 grupos focados em soluções tangíveis e infraestrutura de transmissão e armazenamento.
A Grande Barragem da Renascença Etíope
Entre os projetos mais destacados está a Grande Barragem da Renascença, construída no Nilo Azul, com 1 km de extensão e 145 metros de altura. Ela deve dobrar a capacidade energética da Etiópia, beneficiar milhões sem acesso à eletricidade e exportar energia para Sudão do Sul, Quênia e Djibuti.
O projeto simboliza a capacidade africana de investir em infraestrutura sustentável sem depender exclusivamente de financiamento externo, impulsionando industrialização verde e desenvolvimento econômico.
Energia limpa como alavanca do desenvolvimento
Ao fim do painel, todos concordaram que a transição energética não é um obstáculo, mas sim uma alavanca para o desenvolvimento. A COP30, organizada pelo PNUD e pela IEA, será o ponto de partida para transformar consensos globais em energia limpa, acessível e justa para milhões de pessoas.
Fonte: COP30
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