Uma comitiva do Massachusetts Institute of Technology (MIT) esteve em Manaus para discutir os desafios de levar saneamento básico às cidades da Amazônia brasileira. O grupo visitou áreas que receberam obras de redes de água e esgoto. Além disso, participou de um workshop com especialistas, com foco na expansão dos serviços no Norte do país.
Abertura do evento: crescimento urbano e vulnerabilidade
A programação teve início com uma mesa-redonda sobre soluções para a universalização do saneamento. O tema central foi o crescimento populacional em áreas de vulnerabilidade social. Estiveram presentes Pedro Augusto Freitas (Águas de Manaus), Edison Carlos (Instituto Aegea), Gabriella Carolini (MIT), Elson Ferreira (Ageman) e Alessandro Moreira (Prefeitura de Manaus).
Nesse contexto, os participantes destacaram a importância de adaptar soluções às realidades locais, principalmente onde há limitações estruturais históricas.
Intercâmbio internacional fortalece experiências locais
Durante o encontro, Edison Carlos enfatizou a relevância da troca de experiências com centros de pesquisa internacionais. Ele mencionou, por exemplo, a recente visita da Universidade de Columbia, em Nova York.
“Essas universidades nos procuraram. Isso mostra o reconhecimento ao trabalho realizado em Manaus, especialmente com comunidades vulneráveis. Metade do mundo ainda não tem saneamento. Portanto, a experiência daqui pode servir como exemplo global”, afirmou.
Consequentemente, o intercâmbio de ideias foi considerado um passo estratégico para ampliar o impacto das iniciativas locais.
Visitas técnicas mostram inovações na prática
Paralelamente às discussões teóricas, a comitiva realizou visitas técnicas a comunidades que já receberam melhorias. No Beco Nonato, no bairro da Cachoeirinha, viram de perto a primeira área de palafitas com redes de água e esgoto. Em seguida, visitaram a comunidade Terra da Fé, que passou a receber água tratada.
Além disso, o grupo conheceu as estruturas de captação da Ponta do Ismael (PDI) e da Ponta das Lajes (PDL), responsáveis por abastecer cerca de 95% da cidade.
Conexão entre urbanismo, sustentabilidade e saneamento
Gabriella Carolini, professora de Planejamento Urbano do MIT, fez uma análise sobre como o planejamento urbano se conecta com as soluções implementadas em Manaus.
“Fiquei impressionada com o planejamento da Águas de Manaus. De fato, é possível relacionar os desafios urbanos com soluções sustentáveis. Tivemos debates importantes sobre o destino dos resíduos, a valorização da água e a necessidade de sistemas de esgoto eficazes e duráveis”, destacou.
Dessa forma, os especialistas destacaram que saneamento vai além da infraestrutura — é um pilar para saúde, dignidade e sustentabilidade.
Painéis reforçam impacto social e iniciativas locais
Durante os painéis, os participantes debateram os desafios da universalização do saneamento em diferentes contextos amazônicos. Pedro Augusto Freitas apresentou ações desenvolvidas em comunidades como o Beco Nonato e Terra da Fé. Segundo ele, além da infraestrutura, os projetos promovem cidadania e qualidade de vida.
Outro ponto importante foi a apresentação dos programas Tarifa Manauara (50% de desconto) e Tarifa 10 (valor fixo de R$ 10). Atualmente, mais de 130 mil famílias já são beneficiadas por essas iniciativas.
Perspectivas futuras e cooperação regional
Freitas também destacou o programa Trata Bem Manaus, que pretende universalizar os serviços de esgoto em até dez anos.
“Fazer saneamento na Amazônia traz desafios únicos. No entanto, compartilhar experiências é essencial para superá-los. Estamos, por exemplo, em diálogo com países como Peru e Colômbia. Assim, conseguimos trocar boas práticas aplicáveis em toda a região Norte”, concluiu.
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