A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) encerrou sua participação na COP30 com uma programação ampla e estratégica. A instituição mobilizou povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, juventudes, cientistas, artistas, gestores públicos e organizações internacionais. Pela primeira vez, a conferência ocorreu em território amazônico. Assim, a FAS levou ao mundo a mensagem de que as respostas profundas à crise climática nascem dentro da floresta e são guiadas por quem a protege há gerações.
Além disso, a COP30 registrou avanços relevantes. Houve maior convergência sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, novos compromissos de financiamento para adaptação e reforço ao Fundo de Perdas e Danos. Discussões estruturantes sobre mercados de carbono também ganharam força, impulsionadas pela Coalizão Aberta lançada pelo Governo Federal. No entanto, ainda existem desafios para transformar essas decisões em resultados concretos nos territórios. Por isso, a atuação da FAS reforçou a urgência de colocar a Amazônia — seus povos, suas soluções e sua ciência — no centro da agenda climática global.
Juventudes da floresta: comunicação amazônica na COP30
A participação dos jovens do programa Repórteres da Floresta foi um dos principais destaques. Eles saíram de comunidades ribeirinhas no Amazonas e seguiram no Banzeiro da Esperança até Belém. A missão era comunicar a Amazônia por meio do olhar de quem vive a floresta.
Ao longo da navegação, registraram o cotidiano no barco, rodas de conversa e intercâmbios com lideranças. Além disso, acompanharam debates sobre clima, direitos territoriais e justiça climática. Em seguida, já na COP30, produziram conteúdos sobre painéis, articulações e mobilizações. Dessa forma, reforçaram a importância de incluir as vozes amazônicas nas decisões globais.
O estudante Richard Jardim Pereira destacou a felicidade em participar:
“Participamos de várias atividades que trouxeram soluções, aprendizados e novas amizades. Nunca imaginei estar aqui, mas quando acreditamos na nossa capacidade, alcançamos novos espaços. Aproveitei essa oportunidade como algo único. Aprendi muito na COP30 e fico feliz por ter participado”.
Para potencializar essa experiência, os jovens passaram por formação prévia em media training e educomunicação. Essa etapa integrou o projeto Formando Líderes para uma Amazônia Viva, apoiado pela MCFA. Como resultado, eles atuaram com mais segurança como porta-vozes de suas comunidades.
Jornada COP30: participação territorial e construção coletiva
Além da atuação juvenil, a FAS levou à conferência entregas concretas da Jornada COP30. Ao longo do ano, mais de mil pessoas participaram do processo, que gerou 60 Planos de Ação Climática Territoriais. Esses materiais foram construídos em diálogo com organizações indígenas, ribeirinhas e quilombolas.
Os planos subsidiaram debates sobre financiamento climático, governança e soluções de adaptação baseadas no território. Portanto, demonstraram o potencial das metodologias participativas para orientar políticas públicas e investimentos.
PlanBio: protagonismo do Amazonas na bioeconomia
O Governo do Amazonas lançou o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), que orienta a transição econômica para um modelo sustentável e de baixa emissão de carbono. O plano se estrutura em cinco eixos: Governança, Energia Limpa, Pessoas e Cultura, Ecossistemas de Negócios e Patrimônio Genético.
A FAS e o Instituto Clima e Sociedade (ICS) contribuíram com oficinas realizadas em diferentes municípios, conforme demandas da Sedecti. Segundo Gabriela Sampaio, gerente da FAS, o PlanBio foi construído “a partir de um amplo processo participativo para consolidar a bioeconomia como política de Estado”. Assim, a instituição reforça seu papel como ponte entre territórios, governos, pesquisadores e organizações internacionais.
Árvores Gigantes da Amazônia: conservação fortalecida
Outro destaque foi a apresentação do Projeto Árvores Gigantes, no dia 17 de novembro. A iniciativa reúne a FAS, o Andes Amazon Fund e o Governo do Pará, sob coordenação do Ideflor-Bio. O debate demonstrou como parcerias internacionais fortalecem a criação e consolidação de unidades de conservação.
O Ideflor-Bio celebrou a transformação de 560 mil hectares da Floresta Estadual do Paru no Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia. Essa conquista só foi possível graças à cooperação iniciada em 2023. Além disso, Gabriela Sampaio reforçou a importância de ampliar mecanismos de financiamento e garantir gestão compartilhada com populações tradicionais. Desse modo, o debate se conectou com agendas centrais da COP30 sobre financiamento direto para povos e comunidades tradicionais.
Bioeconomia como caminho da transição ecológica
A FAS e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) promoveram o painel “Da Amazônia para o Mundo: bioeconomia como caminho da transição ecológica”, realizado na Green Zone. O encontro marcou a apresentação do Plano de Transformação Ecológica da Bioeconomia (PTEB) – Amazônia Ocidental.
O debate reuniu representantes do governo, do setor privado e de instituições estratégicas. Entre os temas discutidos, estiveram oportunidades de bioindustrialização, financiamento verde e investimentos responsáveis em cadeias da sociobiodiversidade. Portanto, o painel consolidou mais um passo na construção de uma agenda integrada de bioeconomia para a região.
Amazônia em foco: adaptação e financiamento territorial
No dia 13 de novembro, a FAS coorganizou com a Plant-for-the-Planet o evento “Amazônia em Foco”, realizado na Blue Zone. A atividade integrou a programação dos Dias de Justiça e Direitos Humanos. O encontro reuniu lideranças indígenas, organizações da sociedade civil, governos e parceiros internacionais.
Juliane Menezes, coordenadora de projetos da FAS, abriu a sessão ressaltando a importância de mecanismos de financiamento inclusivos e baseados em direitos. Em seguida, Virgilio Viana apresentou os resultados da Jornada COP30 e destacou como os planos territoriais contribuem para a NDC brasileira e para a agenda global de adaptação. Por fim, o painel reuniu especialistas que reforçaram a convergência entre planejamento comunitário, justiça climática e instrumentos financeiros emergentes.
Compromisso contínuo da FAS
Ao concluir sua participação na COP30, a FAS reafirma seu compromisso em transformar protagonismo territorial em incidência global. As evidências, mensagens e articulações construídas ao longo da Jornada COP30 continuarão orientando a atuação da instituição. Portanto, a FAS seguirá apoiando políticas públicas, desenvolvendo soluções de bioeconomia, consolidando unidades de conservação e fortalecendo juventudes e povos da floresta.
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