Manaus na COP30: governança climática e protagonismo urbano
O prefeito de Manaus, David Almeida, participou nesta segunda-feira, 10/11, do primeiro dia oficial da COP30, em Belém (PA). Ele integrou o painel “Aliança pela Amazônia Urbana: caminhos para o desenvolvimento sustentável das cidades amazônicas”. O evento foi promovido pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) e pelo Consórcio Amazônia Legal, no Hub Amazônia Legal, na Zona Verde da conferência.
O prefeito esteve acompanhado por uma equipe técnica da Prefeitura de Manaus. O grupo incluiu os gestores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas): o secretário Fransuá Matos e o subsecretário Elton Nonato. O subsecretário-executivo de projetos, Antônio Stroski, também participou.
Crise climática e a urgência da governança multinível
Durante o debate, especialistas e autoridades nacionais e internacionais discutiram os desafios climáticos das cidades amazônicas. Nesse contexto, David Almeida defendeu uma governança multinível mais eficiente entre União, Estados e municípios.
Segundo o prefeito, as cidades estão na linha de frente dos efeitos da crise do clima. “As pessoas vivem nas cidades. É aqui que a crise climática acontece de fato”, destacou. Ele lembrou que Manaus registrou a maior cheia da história em 2021, além das estiagens severas de 2023 e 2024.
Além disso, o prefeito reforçou a necessidade de acesso direto a financiamentos climáticos. Ele explicou que, atualmente, a distribuição de recursos é desigual. “Os municípios concentram as maiores demandas, mas têm os menores orçamentos”, disse. Por isso, defendeu mudanças que permitam às cidades captar recursos com mais rapidez e autonomia.
Avanços e soluções sustentáveis em Manaus
Em seguida, David Almeida apresentou projetos estruturantes implementados na capital. Um destaque foi o novo aterro sanitário público, planejado para gerar energia renovável por biogás e fonte fotovoltaica. A iniciativa deve reduzir emissões e acelerar a transição energética no Amazonas.
De forma complementar, ele reforçou a importância de atrair investimentos privados para ampliar Soluções Baseadas na Natureza. Assim, a cidade busca aliar infraestrutura com conservação ambiental.
Debate reúne lideranças e reforça desafios regionais
O painel contou também com a participação da diretora-executiva da OTCA, Vanessa Grazziotin, da diretora do Ipam, Gabriela Savian, e do economista Cláudio Puty. Eles destacaram desafios críticos da região. Entre os temas, infraestrutura de água, vulnerabilidade socioambiental e barreiras ao crédito climático.
Além disso, o encontro integrou a programação oficial da COP30 focada em adaptação climática nas cidades. Dessa forma, reforçou o papel dos centros urbanos na agenda ambiental global.
Resultados que fortalecem a liderança climática de Manaus
Manaus chegou à COP30 com resultados mensuráveis e boas práticas reconhecidas. Atualmente, a cidade preserva mais de 90% do território com vegetação nativa. Ao mesmo tempo, investe em infraestrutura sustentável.
As ecobarreiras, tecnologia própria do município, já retiram cerca de 300 toneladas de resíduos por mês dos igarapés. Com isso, evitam que o lixo alcance o rio Negro. Desde 2021, a cidade plantou 46 mil árvores. Deste total, 26 mil mudas foram cultivadas apenas em 2025.
No saneamento, houve um avanço expressivo. O índice saltou de 16% em 2021 para 35%–40% até o fim de 2025. Paralelamente, Manaus inaugurou o primeiro aterro sanitário 100% público da região Norte. O espaço tem 67 hectares, capacidade para 2.600 toneladas/dia e quatro camadas de proteção ambiental.
Habitação, financiamento verde e metas climáticas
Na área habitacional, a cidade entregará 576 unidades ainda em 2025. Além disso, outras 4.700 estão contratadas, todas com drenagem sustentável e áreas verdes.
No campo financeiro, Manaus lidera com a Bolsa de Créditos de Carbono da Amazônia, projetada para captar US$ 500 milhões até 2028. Os recursos serão dedicados a florestas, adaptação climática e infraestrutura natural.
Por fim, o município concluiu em 2025 o Plano Municipal de Ação Climática, alinhado ao Acordo de Paris. O documento estabelece metas concretas para redução de impactos e adaptação.
Modelo de cidade amazônica para o mundo
Com planejamento técnico, articulação política e entregas consistentes, Manaus se consolida como referência. Assim, a capital demonstra que é possível desenvolver uma cidade amazônica resiliente, sustentável e inovadora.
Dessa maneira, o município se posiciona para liderar soluções climáticas urbanas no Brasil e no cenário internacional.
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