Como parte da programação de capacitação estratégica para servidores, a Suframa realizou, nesta quinta-feira (17/07), a palestra “Infraestrutura e Logística na Amazônia”. O evento ocorreu no auditório da autarquia e contou com a participação do professor Augusto Barreto Rocha, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Essa foi a segunda palestra da série iniciada em junho, que começou com uma abordagem sobre a Reforma Tributária.
Investir na capacitação fortalece a instituição
Durante a abertura, o superintendente-adjunto de Projetos, Leopoldo Montenegro, destacou o propósito da iniciativa. Segundo ele, a formação contínua dos servidores reforça a capacidade institucional da Suframa.
“Seguiremos promovendo debates qualificados, sempre com foco no desenvolvimento sustentável e integrado da Amazônia”, afirmou Montenegro.
Além disso, ele ressaltou que a qualificação técnica amplia a eficiência das ações públicas e o compromisso com as especificidades da região.
O problema não é a distância, mas a estrutura
Em sua apresentação, o professor Augusto Rocha refutou a ideia de que Manaus está “longe demais” dos centros consumidores. De acordo com ele, o real obstáculo é a precariedade da infraestrutura de transporte.
“Dizer que Manaus é longe é empurrar o problema para o impossível. Nosso desafio é logístico”, reforçou o especialista.
Em vez disso, Rocha defende que a logística seja tratada como prioridade e que o discurso sobre distância seja substituído por soluções práticas e viáveis.
Plano Nacional de Logística perpetua desigualdades
O professor também analisou o Plano Nacional de Logística de Transportes (PLT). Na visão dele, o modelo atual agrava desigualdades regionais ao aplicar critérios que favorecem áreas mais desenvolvidas.
“O plano representa uma tecnocracia da desigualdade”, criticou Rocha.
Por outro lado, ele sugeriu um novo paradigma: em vez de esperar que a economia justifique os investimentos, o país deve usar a infraestrutura para impulsionar o desenvolvimento econômico regional.
Propostas concretas para a logística amazônica
Para superar os gargalos existentes, Rocha defendeu que a Suframa retome seu papel de liderança no planejamento logístico da região. Ele sugeriu o uso de big data, com análise de notas fiscais da Zona Franca de Manaus. Essa estratégia permitiria identificar fluxos, custos e falhas nos sistemas de transporte.
Além disso, apresentou outras medidas fundamentais:
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Transformar os rios navegáveis em hidrovias operacionais;
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Reduzir os altos custos com praticagem e taxas portuárias;
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Modernizar rodovias e ampliar a malha multimodal;
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Apostar em rotas alternativas, como o eixo Santarém–Miritituba (BR-163), que oferece maior eficiência em relação à rota via Belém.
Uma mudança de mentalidade é urgente
Dessa forma, Rocha finalizou defendendo uma nova abordagem para as políticas públicas na Amazônia. Segundo ele, a região precisa deixar de ser tratada como exceção e passar a ser considerada parte essencial do projeto nacional.
“A Amazônia não é o problema. É parte da solução, se tiver infraestrutura que funcione”, concluiu.
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