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Transição energética no Brasil em 2025: avanços, desafios e o papel estratégico da Amazônia

Por Laís Víctor, especialista em energias renováveis e diretora executiva

Redação por Redação
16 de julho de 2025
em ARTIGOS
Tempo de leitura: 13 minutos de leitura
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Transição energética no Brasil em 2025: avanços, desafios e o papel estratégico da Amazônia

Foto: istockphoto

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Nos últimos anos, a transição energética deixou de ser apenas uma tendência impulsionada por preocupações climáticas para se consolidar como uma prioridade estratégica no centro das agendas de governos, empresas, organismos multilaterais e investidores ao redor do mundo. Mais do que uma mudança tecnológica, trata-se de uma transformação estrutural nos modos de produzir, consumir e gerir energia, com implicações diretas sobre competitividade econômica, segurança energética, políticas industriais, inclusão social e equilíbrio climático.

O Brasil, por sua vez, parte de uma posição privilegiada nessa jornada. Com uma matriz elétrica já majoritariamente renovável, ampla disponibilidade de recursos naturais, experiência em bioenergia e um mercado livre em expansão, o país se destaca como um dos protagonistas potenciais da nova economia verde. No entanto, apesar dos avanços expressivos em áreas como geração solar, eólica e regulamentação do hidrogênio verde, persistem desafios estruturais, regionais e socioambientais que colocam em risco a efetividade e a equidade dessa transição.

Esses desafios tornam-se ainda mais evidentes quando observamos a realidade da Amazônia Legal, região estratégica para o futuro energético e climático do país e do planeta. Ali, coexistem potenciais extraordinários em fontes renováveis e soluções descentralizadas com vulnerabilidades históricas, como a precariedade no acesso à energia, a dependência de combustíveis fósseis subsidiados e a exclusão de comunidades tradicionais dos processos decisórios.

Este artigo propõe uma análise crítica e propositiva dos avanços recentes e dos obstáculos persistentes da transição energética brasileira em 2025, com foco especial na Amazônia. O objetivo é refletir sobre como energia limpa, inclusão produtiva e justiça climática podem e devem caminhar juntos, construindo um modelo de desenvolvimento que seja, ao mesmo tempo, sustentável, competitivo e territorialmente inclusivo.

 

Avanços nacionais em 2025: um cenário promissor, mas desigual

O ano de 2025 marca um ponto de inflexão para o setor energético brasileiro, consolidando o país como uma das principais lideranças da América Latina em fontes renováveis. Dados atualizados da ABSOLAR revelam que o Brasil ultrapassou a marca de 55 gigawatts (GW) em capacidade solar fotovoltaica instalada, um salto expressivo impulsionado tanto pela geração distribuída em residências, comércios e propriedades rurais quanto por grandes usinas centralizadas. A energia eólica também manteve seu ritmo acelerado de expansão, com destaque para a região Nordeste, que responde por aproximadamente 80% da geração nacional dessa fonte, atraindo investimentos privados e consolidando polos de inovação tecnológica e industrial.

Outro avanço importante foi a ampliação do Ambiente de Contratação Livre (ACL), que passou a permitir a entrada de consumidores com cargas menores, democratizando o acesso ao mercado livre de energia. Essa medida viabilizou que pequenas e médias empresas e até mesmo condomínios e cooperativas pudessem negociar diretamente com geradores e comercializadoras, com maior previsibilidade de custos e liberdade contratual. Esse movimento tem acelerado a diversificação do mercado e incentivado soluções híbridas com geração local, armazenamento e contratos personalizados.

No campo institucional e regulatório, 2025 também foi marcado por marcos relevantes. Destacam-se o decreto federal que estabelece diretrizes para o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde, a publicação das primeiras chamadas públicas para projetos com baterias e microrredes em regiões isoladas, e a integração mais ativa do Brasil em fóruns internacionais de inovação energética, como o IRENA Innovation Council. Soma-se a isso o papel de protagonismo que o país assumirá na COP30, sediada em Belém do Pará, posicionando a Amazônia como símbolo global de justiça climática e de transição energética justa.

Apesar desse conjunto robusto de avanços, é preciso reconhecer que os benefícios da transição energética ainda não são percebidos de forma homogênea em todo o território nacional. Persistem disparidades significativas entre regiões com infraestrutura consolidada e regiões periféricas ou isoladas, que enfrentam gargalos históricos de acesso à energia limpa, financiamento, capacitação técnica e inclusão digital. Em estados da Amazônia Legal, por exemplo, comunidades inteiras seguem dependendo de sistemas fósseis e enfrentam intermitência no fornecimento elétrico, mesmo diante de condições naturais ideais para a geração renovável.

Esse quadro revela uma contradição que precisa ser enfrentada: o Brasil avança com excelência tecnológica e protagonismo internacional, mas ainda carrega desigualdades energéticas profundas que ameaçam a efetividade e a justiça da transição em curso.

 

Amazônia: o paradoxo entre potencial e invisibilidade energética

A Amazônia Legal, que abrange nove estados e representa cerca de 60% do território brasileiro, é ao mesmo tempo um dos maiores patrimônios ambientais do mundo e uma região de profundas desigualdades estruturais. Com uma população superior a 20 milhões de habitantes, composta por povos indígenas, comunidades ribeirinhas, quilombolas e populações urbanas em rápida expansão, a região ocupa papel central nas agendas de clima, biodiversidade, bioeconomia e desenvolvimento sustentável. No entanto, quando o tema é acesso à energia de qualidade, segura e limpa, a Amazônia ainda vive um paradoxo alarmante: abundância de recursos naturais renováveis coexistindo com carência energética crônica.

O potencial da região para a transição energética é vasto e diversificado. A incidência solar é intensa e regular ao longo do ano; os rios oferecem oportunidades para geração hidrocinética de baixa escala; há disponibilidade de biomassa em diversas cadeias produtivas locais; e as comunidades, quando incluídas, demonstram forte engajamento com soluções sustentáveis. Ainda assim, grande parte da energia consumida na Amazônia especialmente em zonas rurais, aldeias e localidades isoladas provém de termelétricas movidas a diesel, um modelo poluente, caro, logisticamente complexo e ambientalmente contraditório com os princípios da descarbonização.

Nos últimos dois anos, surgiram iniciativas pontuais e promissoras que sinalizam caminhos possíveis para reverter esse cenário. Entre elas, destacam-se:

  • A implantação de microrredes híbridas (solar + baterias + geradores de apoio) em comunidades do Acre e do Amapá, com resultados positivos em confiabilidade e autonomia.
  • Projetos-piloto com baterias de armazenamento de energia em áreas ribeirinhas do Pará, testando tecnologias adaptadas a condições de difícil acesso.
  • Estabelecimento de parcerias com organismos internacionais, como BID, KfW e Global Environment Facility para financiar modelos descentralizados de geração energética com foco em protagonismo comunitário, capacitação local e soluções sob medida.

Apesar desses avanços, é importante reconhecer que a escala dessas ações ainda é irrisória frente à dimensão e complexidade dos desafios amazônicos. Segundo a ANEEL, mais de 2 milhões de pessoas na região continuam em situação de vulnerabilidade energética, sem acesso regular, contínuo ou minimamente confiável à eletricidade. Esse déficit energético compromete não apenas a qualidade de vida, mas também a oferta de serviços essenciais como saúde, educação, segurança e produção local.

Ademais, a invisibilidade dessa realidade nos grandes debates nacionais sobre energia e clima contribui para a manutenção de um ciclo de exclusão. A Amazônia, com todo seu potencial para liderar uma agenda energética sustentável e descentralizada, ainda é vista por muitos apenas como um passivo logístico ou uma região “inviável” do ponto de vista técnico, quando na verdade representa uma fronteira de inovação social, tecnológica e ambiental.

Transformar esse cenário exige mais do que vontade política: requer estratégia, recursos direcionados e um novo olhar sobre o papel da Amazônia na transição energética brasileira.

 

Desafios para uma transição energética justa na região amazônica

Embora a Amazônia reúna vastos recursos naturais e oportunidades para liderar uma transição energética inovadora, os obstáculos para que esse processo ocorra de forma justa, eficiente e inclusiva ainda são inúmeros e interconectados. Trata-se de um cenário desafiador, onde barreiras logísticas, estruturais, econômicas e socioculturais convergem, exigindo soluções complexas, sensíveis ao território e alinhadas aos contextos locais.

 

 

  • Isolamento geográfico e logística desafiadora

Muitas comunidades amazônicas estão localizadas em áreas de difícil acesso, onde o deslocamento de equipamentos, insumos e equipes técnicas depende de longas viagens fluviais ou aéreas, muitas vezes com elevado custo e alto risco climático. Essa condição logística encarece a instalação, a operação e a manutenção de sistemas renováveis, tornando inviável replicar modelos tradicionais de infraestrutura energética. Soluções sob medida, baseadas em tecnologias modulares e adaptadas à realidade florestal, são urgentes, mas ainda pouco exploradas.

 

  • Infraestrutura precária e conectividade limitada

Grande parte da região amazônica não está integrada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o que significa que milhares de localidades operam com sistemas isolados, instáveis e com baixa confiabilidade. A ausência de redes de distribuição modernas e a precariedade da infraestrutura elétrica dificultam a implementação de soluções inteligentes, como redes híbridas, sistemas de armazenamento e plataformas de monitoramento remoto. Essa limitação estrutural impede o avanço de tecnologias descentralizadas de última geração, mesmo quando há financiamento disponível.

 

  • Persistente dependência do diesel subsidiado

Apesar da crescente competitividade econômica das fontes renováveis, o modelo predominante na região ainda é baseado no uso de geradores a diesel, uma tecnologia ultrapassada, poluente e economicamente insustentável no longo prazo. Subsídios governamentais mantêm artificialmente a viabilidade desse sistema, desincentivando a substituição por alternativas mais limpas. Além disso, há inércia institucional e resistência de setores que se beneficiam dessa cadeia, o que retarda a adoção de modelos energeticamente mais eficientes e ambientalmente mais responsáveis.

 

 

  • Ausência de planejamento energético com enfoque territorial

Os principais instrumentos de planejamento energético nacional, como o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), ainda apresentam uma abordagem centralizada e pouco sensível às especificidades da Amazônia. Falta uma estratégia territorialidades que considere a diversidade sociocultural, os impactos ambientais e as características geográficas únicas da região. Sem um planejamento regional específico e articulado com os atores locais, a transição energética corre o risco de reproduzir desigualdades, em vez de superá-las.

 

Baixa inclusão social e cultural nos processos decisórios

Um dos desafios mais silenciosos, porém fundamentais, está na sub-representação das populações locais, indígenas, ribeirinhas, extrativistas nos debates, decisões e modelos de negócios do setor energético. A ausência de diálogo com saberes tradicionais, a desconsideração das demandas comunitárias e a falta de mecanismos de consulta e co-gestão contribuem para a rejeição de projetos, o desperdício de recursos e o enfraquecimento da legitimidade das iniciativas. Uma transição energética verdadeiramente justa e inclusiva só será possível com o protagonismo ativo dos territórios e das populações que neles habitam.

 

Oportunidades para acelerar a mudança

Apesar dos inúmeros desafios estruturais e sociais que ainda limitam a expansão de um modelo energético limpo, justo e descentralizado na Amazônia, o cenário atual também oferece condições concretas e inéditas para a construção de soluções transformadoras. A combinação entre avanços tecnológicos, pressão internacional por resultados climáticos e a visibilidade estratégica da região no contexto global abre espaço para uma agenda ousada, territorialidades e orientada por impacto socioambiental positivo.

A seguir, destaco cinco caminhos prioritários que podem acelerar essa transição, tornando-a não apenas tecnicamente viável, mas socialmente legítima e economicamente sustentável:

 

  • Criação de um plano Amazônico de energia sustentável

A ausência de uma política energética específica para a Amazônia impede o alinhamento entre os diversos programas federais, estaduais e locais. A criação de um Plano Amazônico de Energia Sustentável com metas claras, cronogramas realistas, orçamento definido e mecanismos de participação social é essencial para coordenar esforços, evitar sobreposições e garantir eficiência na alocação de recursos. Esse plano deve considerar a diversidade territorial da região, os diferentes perfis de consumo e produção de energia e a centralidade das soluções descentralizadas. Além disso, deve incluir indicadores de justiça social, inclusão produtiva, redução de emissões e segurança energética como critérios estratégicos de avaliação.

 

  • Expansão do financiamento verde e climático com foco regional

A região amazônica precisa estar no centro das estratégias de financiamento climático nacional e internacional. Bancos públicos como BNDES, bancos de fomento regionais, instituições multilaterais (como o BID e o Banco Mundial) e fundos climáticos globais (como o GCF) devem priorizar linhas de crédito específicas para projetos de energia limpa na Amazônia, com condições adaptadas à realidade local incluindo prazos mais longos, taxas diferenciadas e apoio técnico. Além disso, é fundamental estimular a entrada de capital privado orientado por critérios ESG, conectando investidores a soluções de impacto real e mensurável. Financiamentos vinculados a resultados (pay-for-performance), parcerias público-privadas e instrumentos híbridos também devem ser explorados como alternativas viáveis.

 

  • Adoção massiva de microrredes inteligentes e sistemas híbridos

A expansão de microrredes inteligentes, que combinam geração solar, armazenamento por baterias e gestão digital da energia, é uma das estratégias mais eficazes para atender comunidades isoladas, reduzir custos logísticos e garantir continuidade no fornecimento. Essas soluções permitem a operação local, autônoma e resiliente dos sistemas, e podem ser replicadas em dezenas de localidades com perfis semelhantes. O avanço dessa tecnologia depende de marcos regulatórios claros, capacitação técnica local e parcerias entre governo, empresas de tecnologia e operadores regionais. Além disso, o uso de inteligência artificial, telemetria e gestão remota pode aumentar significativamente a eficiência dessas redes, reduzindo desperdícios e antecipando falhas operacionais.

 

  • Formação de mão de obra local e fortalecimento de capacidades técnicas

A transição energética na Amazônia não será sustentável se depender exclusivamente de agentes externos. É indispensável formar talentos locais técnicos, engenheiros, operadores, analistas que compreendam as características do território e tenham vínculo direto com as comunidades beneficiadas. Investimentos em cursos profissionalizantes, programas de residência técnica, parcerias com universidades públicas e centros como SENAI e IFs (Institutos Federais) devem ser priorizados. Além disso, é fundamental fomentar o protagonismo de jovens, mulheres, lideranças indígenas e comunitárias na operação e gestão dos sistemas, ampliando o impacto social dos projetos e fortalecendo as economias locais.

 

  • Inclusão sociocultural como princípio de projetos energéticos

Uma transição energética verdadeiramente justa e sustentável na Amazônia precisa ir além da tecnologia. É necessário garantir que os projetos respeitem os modos de vida, os saberes tradicionais, as necessidades específicas e os direitos das populações locais. Isso significa adotar processos participativos desde o planejamento, incorporar elementos culturais nos modelos de governança, compartilhar os benefícios gerados e criar instrumentos de monitoramento social. Projetos que ignoram a cultura local tendem ao fracasso ou à rejeição. Por outro lado, quando as comunidades são envolvidas desde o início, tornam-se defensoras ativas e cuidadoras das soluções implantadas.

Diante de tantas possibilidades, o que está em jogo é a capacidade de articular vontade política, conhecimento técnico, inovação financeira e sensibilidade social. A Amazônia não precisa de promessas genéricas, mas de respostas integradas, consistentes e baseadas em confiança e corresponsabilidade.

 

A Amazônia na nova geopolítica energética

A Amazônia, tradicionalmente tratada como uma fronteira de exploração e vigilância ambiental, passa a ocupar um papel central em uma nova e emergente geopolítica: a da transição energética e da economia de baixo carbono. Mais do que um território vulnerável a ameaças climáticas e sociais, a região amazônica deve ser reconhecida como um verdadeiro ativo geoestratégico, com potencial para reposicionar o Brasil no cenário global como referência em soluções sustentáveis, tecnologias limpas e governança climática inclusiva.

Sua imensa biodiversidade, a abundância de recursos renováveis (como radiação solar, biomassa, cursos d’água e ativos naturais ainda subutilizados) e a diversidade sociocultural de seus povos originários e tradicionais oferecem ao país uma oportunidade única: construir uma abordagem de transição energética que seja, ao mesmo tempo, ambientalmente eficiente, socialmente justa e politicamente inovadora. Em um mundo que busca alternativas resilientes às cadeias energéticas fósseis, a Amazônia tem todos os elementos para se tornar laboratório vivo da bioeconomia e das energias descentralizadas.

Contudo, para que essa potencialidade se materialize, o Brasil precisará realizar uma mudança profunda de mentalidade e de modelo de desenvolvimento. Isso implica abandonar a lógica extrativista, centralizadora e verticalizada, que por décadas tratou a Amazônia como periferia produtiva e depositária de recursos inexplorados, e substituí-la por uma abordagem centrada na distribuição de poder, na valorização do conhecimento local e na corresponsabilidade territorial.

A nova fase da transição energética brasileira exige que energia não seja tratada apenas como infraestrutura, mas como vetor de desenvolvimento humano, ferramenta de inclusão e símbolo de soberania socioambiental. Para isso, será necessário investir em inovação regulatória, fomentar arranjos produtivos locais, ampliar o acesso ao financiamento verde e estabelecer políticas públicas articuladas entre os níveis federal, estadual, municipal e comunitário com foco claro na dignidade energética, no fortalecimento da autonomia regional e na justiça intergeracional.

A Amazônia pode ser o coração da próxima economia climática global, mas só ocupará esse papel se for protagonista da sua própria transição e não apenas cenário de discursos ou vitrine de projetos externos.

 

 

Conclusão

O Brasil tem avançado de forma consistente em sua trajetória rumo a uma matriz energética mais limpa, resiliente e compatível com os compromissos climáticos do século XXI. A expansão da geração solar, o crescimento do mercado livre de energia, os primeiros projetos com baterias e a abertura para novos modelos regulatórios mostram que o país está se movendo e com velocidade na direção de uma nova realidade energética.

No entanto, como especialista que acompanha de perto esse processo, especialmente em regiões sensíveis como a Amazônia, afirmo com convicção: a transição só será verdadeiramente transformadora se for também justa, descentralizada e territorialmente inclusiva.

Não podemos mais tratar a Amazônia como um apêndice da política energética nacional ou como um depósito de recursos a serem explorados sob lógicas centralizadoras. A região deve ser compreendida como um epicentro de soluções, um território estratégico onde inovação tecnológica, saberes tradicionais e justiça climática podem e devem coexistir.

Acredito que a Amazônia tem tudo para se tornar uma referência mundial em soluções energéticas sustentáveis de base comunitária, combinando microrredes, bioenergia, digitalização e protagonismo social. Mas isso só será possível com visão de longo prazo, coragem para enfrentar os desafios estruturais e compromisso com um modelo de desenvolvimento que una energia, dignidade e pertencimento.

É hora de transformar o discurso em ação, o potencial em projeto e a urgência em prioridade. A forma como o Brasil vai conduzir sua transição energética na Amazônia dirá muito sobre o tipo de país que queremos ser e sobre o papel que desejamos ocupar no mundo.

Do ponto de vista técnico, ambiental e humano, há todas as condições para fazer dessa transição um exemplo de liderança positiva, com raízes na floresta e olhos no futuro.
E é por isso que reforço: o momento de agir com responsabilidade, ousadia e inteligência territorial é agora.

 

 

Sobre a autora

Laís Víctor é especialista em energias renováveis e diretora executiva de parcerias, com 14 anos de atuação no setor de energia. Sua atuação inclui o desenvolvimento de negócios, estruturação de alianças estratégicas e apoio à atração de investimentos para projetos de transição energética, com foco na construção de ecossistemas sustentáveis e inovação no mercado global de renováveis.

Créditos da imagem: istockphoto

Fontes de Referência

  • International Energy Agency (IEA)
  • BloombergNEF
  • Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
  • Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)
  • Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
  • Ministério de Minas e Energia (MME)
  • Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA)
  • PV Magazine
  • Portal Solar

 

  • abeeolica.org.br
  • movimentoeconomico.com.br
  • idec.org.br
  • vocativo.com
  • Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
  •  Global Environment Facility (GEF)

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Tags: #investamazonia artigo: laís victor l

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